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Papel da nutrição durante a Gravidez

A nutrição ao longo da gravidez tem como funções satisfazer as necessidades maternas e do feto, permitir o adequado desenvolvimento do feto, preparar o organismo para o parto e amamentação e reduzir o risco de diversas complicações (ex.: a nível do desenvolvimento neurológico), tendo impacto não só na saúde da grávida e do seu filho, como possivelmente na dos seus netos. (1, 2)


As necessidades nutricionais maternas variam durante a gravidez:

  • As necessidades de energia aumentam ao longo dos diferentes trimestres (+340kcal no segundo trimestre e +450kcal no terceiro trimestre), enquanto que as necessidades em proteína (+1,1g/kg/dia), hidratos de carbono (175g/dia) e água (cerca de 2,3L por dia) são igualmente superiores durante toda a gravidez. Estas necessidades podem ser supridas através de um aumento do consumo diário de proteína vegetal (ex.: lentilhas, feijão, grão, ervilhas) e moderadamente da animal (ex.: carne, peixe, ovo, lacticínios), de hidratos de carbono mais simples (ex.: fruta, lacticínios) ou mais complexos (ex.: pão, hortícolas, leguminosas) e de água no seu estado natural ou sob a forma de infusões sem cafeína ou açúcar, por exemplo. (2)

  • No primeiro trimestre há uma maior necessidade de ácido fólico (600 microgramas por dia) que normalmente não consegue ser suprida unicamente através dos alimentos (ex.: hortícolas de folhas verdes, leguminosas, cereais integrais), sendo por isso recomendada de forma geral a sua suplementação através de medicamentos receitados pelo médico que a acompanha. (2, 3)

  • Por outro lado, a partir das 20 semanas aumentam as necessidades de ferro (27mg/dia) pelo que a grávida deverá aumentar o seu aporte através de alimentos (ex.: pão integral, feijão, carapau, grão, chicharro) ou medicamentos receitados pelo médico após avaliação individual. (2)

  • Durante a gravidez, as necessidades maternas de iodo (150 a 200 microgramas por dia) estão também aumentadas (2, 4, 5). Existem fontes alimentares de iodo como produtos lácteos, peixe, marisco, algas, leguminosas e outros hortícolas, apesar do teor em iodo dos alimentos ser muito variável (2, 6). A substituição do sal de mesa/grosso por sal iodado é talvez uma das estratégias mais eficazes para alcançar estas necessidades, nunca ultrapassando uma ingestão de 5g de sal iodado por dia (2). Pode ser necessária suplementação em iodo, prescrita pelo médico após avaliação individual, principalmente em zonas do país onde o défice deste micronutriente é mais frequente (ex.: Açores) (7).

  • É ainda necessário aumentar ligeiramente a ingestão de fibra (28g/dia) através do consumo diário de hortícolas, fruta e cereais integrais, zinco (11mg/dia) presente na carne de vaca, queijo e frutos oleaginosos, magnésio (350mg/dia) consumindo diariamente frutos oleaginosos (ex.: amêndoa, caju, avelã) e cereais integrais e ácidos gordos ómega 3 e 6 (13g/dia de cada um deles) através do consumo de frutos oleaginosos (ex.: noz e amêndoa) e peixes gordos (ex.: sardinha e salmão), por exemplo (2).


Resumindo, algumas dicas práticas que deve adotar para suprir as necessidades nutricionais durante a gravidez (2):

  1. Faça 5 a 6 refeições por dia (em intervalos no máximo de 3 em 3h);

  2. Prefira o peixe gordo e as carnes brancas;

  3. Consuma 3 a 5 peças de fruta da época por dia;

  4. Evite produtos ricos em sal e açúcar e a sua adição (quando adicionar sal, prefira o iodado);

  5. Consuma hortícolas no prato ou na sopa às refeições;

  6. Evite consumir café, chá e outras bebidas excitantes;

  7. Beba cerca de 2,3L de água ao longo do dia;

  8. Não consuma álcool nem fume durante a gravidez.

Referências

  1. Newnham JP, Moss TJM, Nitsos I, Sloboda DM, Challis JRG. Nutrition and the early origins of adult disease. Asia Pacific J Clin Nutr. 2002;11:S537–S542

  2. DGS. Alimentação e Nutrição na Gravidez. 2015

  3. Silva C, Keating E, Pinto E. The impact of folic acid supplementation on gestational and long term health: Critical temporal windows, benefits and risks. Porto Biomed. J. 2017;2(6):315–332

  4. DGS. Aporte de iodo em mulheres na preconceção, gravidez e amamentação. 2013

  5. EFSA. Scientific Opinion on Dietary Reference Values for iodine. EFSA Journal. 2014;12(5):3660

  6. Brantsaeter AL, Abel MH, Haugen M, Meltzer HM. Risk of Suboptimal Iodine Intake in Pregnant Norwegian Women. Nutrients. 2013;5:424-440

  7. Limbert E, Prazeres S, São Pedro M, Madureira D, Miranda A, Ribeiro M, et al. Iodine intake in Portuguese pregnant women: results of a countrywide study. Eur J of Endocronol. 2010;163:631-635

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