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Nutrição em idade pré-escolar e escolar

A infância pode dividir-se em duas grandes fases: a idade pré-escolar (dos 2 aos 5 anos) e a idade escolar (dos 6 aos 10 anos). As características da criança vão mudando ao longo do tempo, e naturalmente, também as suas necessidades nutricionais e relação com a comida vão sofrer várias mudanças.

Idade Pré-Escolar (2 - 5 anos)

- No 2º ano de vida ocorre uma drástica diminuição da velocidade de crescimento das crianças, ganhando em média 2,3kg e crescendo 12cm nesse ano. Do 3º ao 5º ano de vida passam a ganhar em média 1 a 2kg por ano e a crescer 6 a 8cm por ano, sendo esta a fase em que as crianças apresentarão a menor percentagem de massa gorda. (1)

- Esta desaceleração da velocidade de crescimento faz com que haja uma diminuição das necessidades nutricionais, que leva a uma significativa redução do apetite e ingestão alimentar e a um desinteresse pela comida por parte das crianças. Este comportamento expectável e fisiológico é muitas vezes entendido pelos pais como preocupante e patológico, acabando por forçar os seus filhos a comer quantidades superiores àquelas que necessitam. No entanto, os pais devem ser apenas responsáveis pela qualidade e variedade dos alimentos oferecidos (contrariando a aversão a novos alimentos - neofobia alimentar - característica de crianças entre os 2 e os 6 anos) sendo as crianças responsáveis por gerir a quantidade ingerida, de acordo com o seu apetite. (1, 2)

Idade Escolar (6 - 10)

- É na passagem da idade pré-escolar para a escolar que ocorre o “ressalto adipocitário” fisiológico, ou seja, um aumento sustentado do IMC a partir dos 5-6 anos e até ao final do crescimento, devido ao aparecimento das primeiras diferenças de composição corporal entre sexos (maior aumento de massa gorda no sexo feminino e de massa muscular no sexo masculino). Se tal ocorrer antes dos 5-6 anos, pode verificar-se um maior risco de desenvolver excesso de peso/obesidade, comorbilidades metabólicas (ex.: diabetes, hipertensão) bem como uma indesejável maturação precoce, comprometendo a estatura final da criança. (1)

- Uma vez que nesta fase a criança começa a ser mais autónoma, deve começar a partilhar responsabilidades com os pais em relação à sua alimentação (ex.: ser envolvida na preparação das refeições, ser explicado o porquê de estar a comer determinado alimento). Esta maior autonomia pode também levar a uma necessidade de afirmação por parte da criança, recusando alimentos anteriormente aceites. (1) A solução pode passar por apostar em formas de apresentação criativas, experimentar métodos de confeção que confiram texturas diferentes ao alimento, ou apostar em novos temperos (ex.: especiarias e/ou ervas aromáticas).

Resumindo

  • Dos 2 aos 5 anos os pais escolhem os alimentos a oferecer à criança, sendo ela responsável pela quantidade que ingere em cada refeição (1,2).

  • Existem no entanto quantidades mínimas de ingestão diária de cada grupo de alimentos que devem ser respeitadas durante toda a infância: 3 porções de lacticínios, 1,5 porções de carne/pescado/ovos, 4 porções de cereais e tubérculos, 1 porção de leguminosas, 3 porções de hortícolas, 3 porções de fruta, 1 porção de gordura e 1L a 1,4L de água (1).

  • Os pais devem variar nos alimentos oferecidos dentro de cada grupo da Roda dos Alimentos para garantir a satisfação das necessidades dos diferentes nutrientes (1,2).

  • A recusa inicial de um alimento não deve levar à desistência da sua oferta: podem ser necessárias até 10 tentativas para que a criança aceite o sabor de um novo alimento (1,2). O paladar educa-se, nunca desista!

  • Os pais são os principais modelos da criança: se quer promover ou limitar o consumo de um determinado alimento, seja o exemplo a seguir (1,2).

  • A criança não deve ficar mais de 3h sem comer, pelo que os lanches devem ser uma refeição rotineira, mas não devem existir snacks intermédios (1,2).

  • A refeição principal não deverá demorar mais de 30min, no entanto, deve ser respeitado o ritmo de cada criança para que consiga regular a sua saciedade (1,2).

  • Os alimentos nunca devem ser oferecidos à criança como recompensa ou punição (1).

A alimentação das crianças deve ser algo tranquilo e positivo!


Referências

(1) DGS. Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – Linhas De Orientação Para Profissionais E Educadores. 2019

(2) Koletzko B, et al. (eds): Pediatric Nutrition in Practice. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2015, vol 113, pp 118–121

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