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Nutrição durante a adolescência

A adolescência é o período entre os 10 e os 19 anos, caracterizado por uma rápida maturação física, psicossocial, sexual e cognitiva que se traduz numa forma de sentir e pensar muito peculiar, o que vai naturalmente influenciar o comportamento do adolescente, incluindo em relação à comida. (1)

Comecemos por analisar o comportamento alimentar dos adolescentes, de uma forma geral (1, 2, 3):

  • É comum terem uma alimentação monótona, saltarem refeições como o pequeno-almoço e o almoço e consumirem demasiados snacks;

  • Devido à sua busca por autonomia e independência é comum comerem fora de casa refeições rápidas e/ou a baixo preço, o que leva a um aumento do consumo de fast food, alimentos densamente energéticos, bebidas açucaradas, doces, bolos e bolachas. Tendencialmente há ainda um menor consumo de produtos lácteos, fruta, hortícolas e peixe em comparação à carne;

  • Este padrão alimentar hiperenergético e hiperlipídico e com uma grande inadequação de micronutrientes aumenta o risco de sobrepeso, obesidade, inadequada mineralização óssea, Diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Na adolescência é importante ter uma alimentação saudável para garantir um crescimento e desenvolvimento adequados, atingindo todo o potencial de crescimento (1). Assim sendo, é importante reconhecer que (1, 2, 3, 4):

  • Durante a adolescência as necessidades energéticas e nutricionais aumentam, havendo um maior apetite. No entanto, é necessário ensiná-los a fazer escolhas alimentares corretas para não excederem essas necessidades.

  • Um adolescente com obesidade tem um risco de 90% de vir a tornar-se um adulto obeso. É por isso fundamental atuar nesta fase, tanto a nível individual como comunitário, para prevenir e reverter esta situação, diminuindo o risco de diversas patologias e complicações no futuro.

  • Há uma maior autonomia e busca pela independência. Pode ser interessante ensiná-los a preparar refeições simples e fáceis mas nutricionalmente adequadas, explicando a importância de não saltar refeições.

  • As refeições em família devem ser fomentadas, uma vez que parecem levar a melhores hábitos alimentares e uma maior ingestão de fruta e legumes em idade adulta.

  • Há uma maior tendência para ingestão de snacks e fast-food. Esses alimentos não devem ser proibidos mas sim evitados, pelo que podem ser consumidos como uma exceção e não como parte da rotina.

  • Alguns adolescentes acabam por entrar em dietas ou restrições de determinados alimentos ou grupos de alimentos por pressão dos pares ou problemas com a sua imagem corporal, podendo acabar por fazer jejuns prolongados potencialmente perigosos ou, em situações limite, desenvolver uma doença do comportamento alimentar. É importante estar atento aos sinais que nos vão dando.

  • As intervenções de saúde de longa duração que envolvem a participação dos pais parecem reduzir mais efetivamente o IMC dos adolescentes. Os pais não deixam de ser um modelo para os adolescentes e devem ter um papel ativo na sua alimentação.

  • As escolhas alimentares dos adolescentes são principalmente determinadas pela influência dos pares, modelagem parental, experiências e preferências pessoais, imagem corporal, disponibilidade de alimentos, conveniência, marketing e prazer momentâneo.

  • Não vale a pena utilizar argumentos relacionados com a sua saúde no futuro ou censurar as suas escolhas. Deve estar sempre presente o reforço positivo e uma negociação com o adolescente para que este se sinta responsável pelas mudanças que quer para si mesmo a curto prazo.

  • Não vale a pena focar nos maus hábitos ou escolhas do adolescente, mas sim reconhecer e incentivar os bons.


Referências

  1. Koletzko B, et al. (eds): Pediatric Nutrition in Practice. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2015, vol 113, pp 122–126

  2. Lopes C, Torres D, Oliveira A, Severo M, Alarcão V, Guiomar S, et al. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, IAN-AF 2015-2016: Relatório de resultados. Universidade do Porto, 2017. ISBN: 978-989-746-181-1. Disponível em: www.ian-af.up.pt.

  3. Peralta M, Marques A, Loureiro N, Gaspar S, Sousa J, Diniz JA, et al. Terão os adolescentes portugueses uma alimentação adequada?. JCAP. 2019;10(1):139-148

  4. Demory-Luce D, Motil LDK. Adolescents eating habits. Up-to-date, Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/adolescent-eating-habits

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