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Amamentação: vamos esclarecer mitos

“O meu leite não é suficiente/bom”

- Nos primeiros dias de vida o recém-nascido mama pouco em cada mamada, e nada tem a ver com a qualidade do seu leite. É importante relembrar que o recém-nascido tem uma capacidade gástrica reduzida (20-30 ml, aproximadamente o volume de uma cereja), pelo que não tem necessidade de mamar tanto como quando tiver uma semana de vida, já com o dobro da capacidade gástrica (aproximadamente o volume de uma ameixa) (1). Para além disso, apesar do colostro ser produzido em pequeno volume nos primeiros 2 a 3 dias após o parto, lembre-se que este é rico em proteínas, vitaminas lipossolúveis (A, E, K), sódio, cloreto e magnésio assim como substâncias tróficas (fator de crescimento epidérmico) e protetoras (imunoglobulinas, oligossacáridos, lactoferrina e leucócitos) importantes para a saúde do seu recém-nascido, pelo que deve começar a amamentar na primeira hora de vida (1,2).

- Sendo o peso um bom indicador da adequação da oferta alimentar, importa saber que todos os recém-nascidos têm uma perda de peso fisiológica nos primeiros dias de vida por eliminação de água (1), e nada tem a ver com a quantidade ou qualidade do seu leite, por muito que oiça o contrário .


“Se comer X enquanto amamento, o bebé vai ter cólicas”

- É frequente associar a alimentação da mãe às cólicas do lactente que surgem geralmente após as 2 semanas de vida, o que leva a que quase todas as mães planeiem evitar ou evitem vários alimentos durante a amamentação, no sentido de prevenir a cólica do lactente. Na realidade, não existe evidência científica suficiente que comprove que a evicção de determinados alimentos na dieta da mãe melhore a cólica do lactente (1).

- A dieta materna influencia o sabor do seu leite (mas não a sua composição nutricional), assim como influenciou o sabor do líquido amniótico durante a gravidez, pelo que nenhum alimento deve ser evitado, bem pelo contrário. A riqueza destas experiências sensoriais precoces leva a uma melhor aceitação dos alimentos durante a diversificação alimentar e no futuro, promovendo inclusive a curiosidade por alimentos novos (1).


“Devo comer Y para aumentar a produção de leite”

- A alimentação materna tem pouca ou nenhuma influência na composição nutricional do leite materno ou no seu volume. A produção de leite é estimulada apenas pela sua ingestão, por isso não defina um horário rígido para as mamadas e garanta o esvaziamento da mama antes de passar para a seguinte (1).

- É apenas importante que a lactante mantenha um estado nutricional adequado, um estilo de vida ativo, hidratação adequada (> 2,7L/dia) e uma dieta variada e equilibrada, não devendo reforçar a ingestão de alguns alimentos (ex.: leite e derivados), com o objetivo de melhorar a qualidade do seu leite (1). Tenha o especial cuidado de fazer um lanche que contenha hidratos de carbono, proteína e água antes de cada mamada.


“Durante a pandemia é melhor não amamentar”

- A amamentação deve ser promovida, especialmente durante a pandemia.

- “Mesmo estando infectada?” Sim, o seu organismo está a produzir defesas para combater o vírus que podem ser passadas através do leite materno para o bebé. Tenha apenas o cuidado de usar máscara enquanto amamenta e higienize adequadamente as mãos e a mama. A extração mecânica do leite pode ser uma alternativa, e nesse caso deve fazer-se também com a utilização de máscara e após higiene cuidada das mãos e das mamas (3).

- “Mesmo tendo sido vacinada?” Sim, ao amamentar poderá estar a vacinar também o seu filho uma vez que os anticorpos maternos são passadas através do leite para o seu filho. O Joint Committee on Vaccination and Immunisation do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido e a CDC afirmam que as vacinas da Pfizer/BioNtech e da Oxford/AstraZeneca podem ser administradas durante o período de amamentação.


Referências

  1. DGS. Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – Linhas De Orientação Para Profissionais E Educadores. 2019

  2. Koletzko B, et al. (eds): Pediatric Nutrition in Practice. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2015, vol 113, pp 118–121

  3. Orientação DGS nº026/2020: COVID-19 - Cuidados ao Recém-nascido na Maternidade

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